domingo, 28 de novembro de 2010

Um novo tipo de arranjo familiar: Família DINC

Um novo estilo de vida começa a surgir nos grandes centros urbanos do mundo. As pesquisas sócio-demográficas tem detectado um tipo de família denominado por DINC -Duplo Ingresso, Nenhuma Criança- ou em inglês DINK - Double Income No Kids. São casais que estão formalmente casados e optaram por não terem filhos. Família DINC é um dos diversos tipos de termos para analisar as características de uma população e no caso aqui, de um tipo de arranjo familiar.

Trata-se de um fenômeno social importante já detectado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar. Vejamos, em 1996, do total dos domicílios brasileiros, haviam 2,7% de famílias DINC, em 2006 esse percentual subiu para 3,7%, ou seja, em termos absolutos isso significou aumento em 90% em 10 anos. O crescimento do número de famílias DINC não é uma particularidade do Brasil, no mundo todo esse fenômeno social vem aumentando, vou resumir a idéia aqui.

Os estudos demográficos mostram uma relação direta com os desdobramentos da Revolução Industrial e o surgimento das áreas urbanas. No começo as taxas de natalidade e mortalidade são altas e com o tempo e as transformações da área urbana há melhoria da qualidade de vida, redução da mortalidade, da natalidade e da fecundidade tendendo a um crescimento estável. Essa é basicamente a regra.

O dado mais legal é o da redução da taxa de fecundidade, no mundo a mulher vem tendo cada vez menos filhos, mas quando pensamos na família DINC é falar da mulher que contribui para a taxa zero de fecundidade. Isso a longo prazo representa uma rápida diminuição da população e impactos econômicos para o país. Não investiguei os dados desse fenômeno nos países desenvolvidos, o que deve ser interessante uma vez que esses países de crescimento estável e até mesmo negativo deverão sofrer, se já não estão sofrendo, redução do crescimento econômico.

É fato que onde há pessoas há consumo e há crescimento econômico, é até óbvio. O crescimento econômico de um país, está diretamente ligado às áreas urbanas. O fato é que nas áreas urbanas as relações sociais estão cada vez mais difíceis o que torna absolutamente normal um casal que opta pela auto-satisfação sem se preocupar com as futuras gerações. Esse fenômeno pode perfeitamente coexistir com os outros arranjos familiares clássicos do tipo casais com filhos, mas nem sempre são bem vistos, vejam esse trecho:

"Embora o casal DINC tenha, em geral, maior renda, maiores níveis educacionais, melhores condições de moradia, maior nível de consumo e carreiras mais promissoras no mercado de trabalho, existe uma certa discriminação social na medida em estes casais não deixam descendentes, herdeiros e não garantem a perpetuação da linhagem da família. Isso acontece tanto no Brasil como em outras partes do mundo, inclusive na China."

O preconceito existe, é fato! Eu sei de um casal DINC que vivem muito bem e tenho algumas amigas que já decidiram que não terão filhos. Eu ainda não me decidi em qual arranjo familiar vou me enquadrar na demografia do meu país mas, sou simpatizante da dink family sim...hehehe O mundo mudou demais, os valores mudaram e pra quem já trabalhou ou trabalha com crianças e adolescentes sabe que a situação não é das melhores, dá medo! Dados do censo de 2000 já mostravam que de cada 5 bebês, 1 crescia com pais separados, mal posso esperar para saber os resultados do censo deste ano de 2010, com certeza deve ter aumentado.

A minha impressão é de que o impacto de uma criança com pais separados seja pior que uma família DINC, o impacto emocional para a criança é na maioria das vezes ruim, eu vejo isso direto. O emocional e o cognitivo andam juntos e o bom desempenho profissional depende sim de uma boa base familiar. Mas a sociedade aceita mais um família separada ou famílias mosaico por serem frequentes, já nem nos assustamos mais, que uma família DINC. Família mosaico são aquelas do tipo "irmão por parte de mãe, irmão por parte de pai" e por aí vai, esses cada vez mais frequentes mesmo!

Acredito também que o impacto da família DINC seja pior para as áreas urbanas que crescem a um ritmo lento. Logo vou postar um dado interessante de crescimento em áreas urbanas no mundo, me aguardem!

Enfim, achei o tema interessante, espero que tenham gostado. Aguardo comentários!

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