segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

O que aprendi, no Havaí: Natureza, Amor e Equilíbrio


O título do post até formou uma rima, é que essa semana fiquei pensando e comemorando para mim mesma um ano que conheci esse arquipélago isolado no oceano Pacífico. Sempre assisti documentários e reportagens sobre o Havaí e me chamava a atenção a maneira pela qual as pessoas falavam de uma energia....um "algo diferente" que só tinha no Havaí. Os vídeos da Fernanda Keller no Havaí em especial me fizeram entender um pouco do amor que ela tem pelo Havaí, mas só pisando lá que tudo fez sentido.

Bom, do ponto de vista prático e econômico é uma viagem cara e distante do Brasil, mas morando no Japão...a coisa muda de figura no quesito distância e ter uma amiga que te hospeda numa varanda maravilhosa com vista para a cratera do Diamond Head como na foto ao lado, aí a viagem fica perfeita. Eu pude perceber que os japoneses adoram passar férias no Havaí, é impressionante a quantidade de japoneses lá. Há uma versão japonesa do Havaí que se chama Okinawa e que inclusive tem essa denominação, "Okinawa - o Havaí do Japão". O fato é que os japoneses gostam e vão muito ao Havaí, eu vi muitos deles, por instantes até achava que estava no Japão. Um brasileiro me falou que eu tinha que conhecer Okinawa senão eu não teria visitado o Japão...mas por que não conhecer o Havaí de verdade?

 Outro fato interessante, não vi brasileiros que vivem no Japão tendo como destino o Havaí e nem ao menos é destino típico deles por várias hipóteses que eu imagino: talvez por ser um destino caro, talvez pelo fato de ter que ter visto americano e talvez porque muitos brasileiros no Japão estão com família. As prioridades dos imigrantes brasileiros no Japão são outras. Porém, visitar o Parque da Universal em Osaka já é mais popular entre os brasileiros que tem filhos, faz mais sentido.

Agora o Havaí, esse lugar faz todo o sentido para Geoiarinha e conhecer esse arquipélago americano foi mágico, as pessoas que conversei, as pessoas que eu observava nas ruas..era visível que existia algo mais próximo da felicidade plena cercada de praias lindas, vulcões e florestas. Fiquei muito impressionada de ter conhecido em 12 dias mais especificamente só a capital Honolulu. Isso tudo foi possível porque o universo conspirou a favor, ter uma amiga que mora em Honolulu e te convida fazendo propaganda de milhares de hikings e trekkings, foi como criptonita, não pude deixar essa parte do globo sem conquistar com meus próprios pés, olhos e coração aberto. Sou muito grata a Mi do Havaí que me recebeu junto com o marido e me apresentou tão maravilhosamente as praias e lugares, as indicações foram as melhores possíveis. Tenho gostado muito de conhecer lugares onde amigos moram, é outra categoria de viagem. As dicas de quem mora não cabem num guia, são coisas bem específicas e singulares.

As recomendações para quem vai para Honolulu é alugar carro, minha amiga me indicou também, mas como esqueci minha carteira de habilitação do Brasil....tive que dar o meu jeito geoiarinha de ser: Transporte público e sola de tênis além de mochilinha, óculos, boné e protetor solar. Foi ótimo, há um passe de ônibus que custava 5 dólares e você podia usar a vontade um dia inteiro atravessando toda a ilha de Oahu. Quando eu comecei a analisar os vários mapas das regiões que o sistema que se chama "THE BUS" que atende toda a cidade de Honolulu, fiquei impressionada. O horário dos ônibus eram bem pontuais nos pontos, ar condicionado e poltronas confortáveis.

Me inscrevi no "meetup" um site de eventos que acontecem na cidade e um deles era de um grupo de corredores que estavam no treino final pré-maratona do Havaí. Fiquei morrendo de vontade de correr essa maratona, me ascendeu aquele desejo de um dia voltar a correr os 42 Km em Honolulu. Quem sabe no meu projeto 40 ou 42 anos de idade, 42Km em Honolulu! Conheci uma lenda da maratona, um senhor que não me lembro o nome, que sempre termina em último lugar e ele disse que não precisa ter pressa em terminar, precisa terminar em paz, tranquilo e ser feliz. Não é demais isso? No melhor jeito Aloha de ser, foi aí que meu desejo voltou a pulsar. Além disso, nesse contexto todo, conheci duas pessoas maravilhosas, uma americana da Califórnia e um americano que vive em Honolulu nesse treininho de corrida. Eles me levaram para conhecer muitos lugares maravilhosos  e são apaixonados por trilhas assim como eu. 

A cia aérea de low cost Air Asia opera com vôos diários de Osaka para Honolulu e pelo que pude perceber é a mais barata dependendo da época do ano, o meu ticket de ida e volta custou 300 dólares sem a taxa da mala. Não despachei bagagem, fui apenas com uma mochila nas costas de 7 Kg, esse é o limite máximo da bagagem de mão da Air Asia. Foi um exercício de levar apenas o necessário e deu super certo. Eles pesam sua mochila para ver se está dentro dos 7 Kg, no Japão eles são rigorosíssimos nesse quesito, ao menos a Air Asia foi.

Eu não aluguei carro, mas a americana que conheci tinha alugado carro por USD 15 por dia em Honolulu, achei ótimo. Numa próxima vez se eu não esquecer a carteira de habilitação, vale a pena alugar carro.

A comida havaiana é algo apaixonante, não achei tão cara quanto eu imaginava, não sei também se minha referência de custo de vida no Japão influencia, mas tem preços bem pagáveis e uma diversidade gastronômica absurda. Uma coisa que gostei muito nas praias do North Shore são os lugares tipo quiosques de comida saudável, sanduíches maravilhosos, suco natural olhando aquelas praias lindas, uma atmosfera havaiana mesmo. 

Ainda fui num show do Eagles com show de entrada do Jack Johnson no Aloha Stadium. Então, fazendo um balanço geral, conhecer o Havaí foi mais surpreendente do que imaginei anteriormente. O termo ALOHA é lindo, você escuta a todos os momentos como saudação, agradecimento, despedida. Para os habitantes originários dalí esse termo se relaciona a uma conexão com a natureza e transmite um amor para equilibrar a vida. Então falar aloha está muito ligado a transmitir amor para as pessoas do tipo, seja feliz, você vai conseguir independente dos obstáculos.

Essa conexão que existe no Havaí com a natureza será inesquecível para mim, fiquei apaixonadíssima por essa conexão. É uma energia que não tem em outro lugar, mais uma vez, é difícil explicar em palavras mas quando você está lá, você simplesmente sente. Meu ano sabático de 2018 não poderia ter fechado de um jeito diferente. Lá no Havaí entendi que trabalhar, cuidar da saúde, se divertir e ser feliz são possíveis. A vida não pode ser só rotina de trabalho exaustiva por um dinheiro no final do mês que serve para comprar coisas e mostrar para os outros o que você tem e faz. O Havaí me ensinou e ainda continua me ensinando que é importante ter equilíbrio na nossa vida e ser feliz! O lance de não ter pressa também me chamou a atenção, as coisas vão acontecer no tempo certo.

Essa pausa que fiz no Japão foi maravilhosa até para eu entender melhor o Japão, o quanto falta Aloha para pessoas. Ainda bem que muitos vão lá aprender assim como eu fui! Sinto que terei que voltar ao Havaí para aprender mais....hehehe Preciso entender melhor esse equilíbrio! Espero que tenham gostado desse post e desejo para quem chegou até aqui ALOHA!
Natureza, Paz e Amor ...o que mais precisamos?

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Para que serve a educação? A resposta de um índio guarani


Resultado de imagem para indigenas desenhoVou seguir escrevendo sobre o aprendizado que venho tendo com os indígenas recentemente. Os povos indígenas do Brasil, na minha opiniã, tem ideias e concepções que são pouco disseminadas entre nós que vivemos na cidade .Mas é claro que Geoiarinha está aqui para ajudar nessa tarefa em entender melhor as ideias indígenas.
A pergunta do título do post foi dada por Carlos Papá, um pajé e cineasta da aldeia Guarani Mbya. Ele mesmo, numa palestra, fez essa pergunta e respondeu:
A EDUCAÇÃO SERVE PARA PROTEGER O SEU PRÓPRIO SER

Escrevi em letras garrafais e em negrito porque achei sensacional essa resposta, simples e direta. Segundo esse índio, os indígenas estão sempre buscando novas formas de entendimento e ele tem plena clareza que ele não sabe nada. Ele acredita que as gerações seguintes vão sempre conhecer mais que ele

Não são incríveis essas definições? Eu já escutei de pessoas adultas que trabalham muitas horas me perguntar se vale a pena estudar. Ter essa dúvida já é um sinal que as sinapses estão acontecendo no cérebro, ter dúvida é importante. O problema maior está em ter certeza, quando alguém tem a certeza que não vale a pena estudar, aí aconteceu a necrose das sinapses e nesse caso o ser pode ter morrido mesmo estando vivo. Ou então ter a certeza que só uma única e definitiva decisão, basta. Muita gente só enxerga apenas um único caminho.

Resultado de imagem para decisões desenhoA educação passa pelo estudar e isso não é a certeza de sucesso, de emprego bom, de salário alto, mas o teu cérebro vai fazer mais conexões e as relações que estabelecemos com as pessoas e com o mundo se ampliam. As decisões, quando se incorpora esse conceito de educação, tendem a ser mais assertivas, ou seja, a pessoa tende a ser mais confiante e mais segura de si. Ser mais confiante e mais seguro de si mesmo não é ter a certeza na forma binária de certo ou errado, mas tem muito mais a ver com a segurança da tomada de decisão sem sentimento de culpa.

Quantas vezes em muitas decisões da minha  vida eu escutei frases do tipo: "oh, mas você vai fazer tal coisa dessa maneira?" Eu costumo responder quando eu tenho muita clareza da situação, sim estou segura da minha decisão ou que não significa que eu tenha certeza. Estou longe de ser a pessoa mais segura do mundo nas minhas decisões, eu tenho dúvidas, eu me questiono, mas principalmente eu me permito escutar diferentes posicionamentos para pensar melhor sobre as decisões que aparecem na vida. E se por acaso eu tiver tomado uma decisão que não foi tão boa quanto eu esperava, tudo bem, sempre é possível consertar e recalcular a rota a ser seguida. Sabe aquela voz do google maps de quando você erra o caminho e ele fala: "recalculando", acho que é assim que eu me sinto sempre....recalculando sempre a minha rota.
Resultado de imagem para visão de mundo
Por isso que eu acho que os índios são muito sábios e tem uma compreensão de mundo muito plural, dinâmica e simples. Os índios que estou conhecendo estão me surpreendendo com tamanha genialidade e simplicidade e na medida do possível vou trazendo aqui para reflexão.

domingo, 3 de novembro de 2019

É preciso sair da aldeia para conhecer a aldeia!

Eu estava no Japão na última vez que escrevi e desde que voltei ao Brasil, minha vida foi tão intensa com muitos compromissos acadêmicos e profissionais que fui abduzida pela retomada da minha rotina em São Paulo. Toda vez que entro na avenida 23 de Maio ou entro no metrô em São Paulo, sinto que voltei para a corrente sanguínea dessa megacidade. Uma das melhores sensações de voltar para casa é ver no bilhete de embarque e no painel do aeroporto as três letrinhas GRU, voltar para minha cidade, minha pequena aldeia, é e sempre será uma alegria imensa.

Depois de morar 1 ano no Japão, fiquei bastante reflexiva pensando e repensando sobre o Brasil e com certeza de ter tido um aprendizado no Japão que se tornou um divisor de águas na minha vida. O mais legal é que muitas pessoas aqui no Brasil quando me perguntavam como tinha sido a experiência no Japão, tinham a expectativa de que eu fosse falar mil maravilhas como se lá fosse o verdadeiro paraíso. Eu acabo decepcionando muito as pessoas sobre essa ilusão que vendem aqui de país desenvolvido, em especial obviamente sobre o Japão. Deixo bem claro o quanto eu amo o Japão e o quanto esse país me ensinou, mas digamos que meu amor amadureceu e agora tenho uma visão pautada em experiências que eu vivi e senti, boas e ruins. Os chineses são sábios em entender as relações de Yin e Yang, a nossa vida é assim.


Resultado de imagem para o invasor americanoHoje assistindo o documentário de 2015 do Michael Moore "O invasor americano" fiquei mais feliz de ver que existem pessoas que saem da sua aldeia para poder conhecer melhor a aldeia. Basicamente, o diretor visita diversos países atrás das melhores ideias para levar para os Estados Unidos porque esse país tem muitos problemas. Sobre o Japão, para sair do visão romântica é assistir "Assunto de família" de 2018 , filme japonês que ganhou prêmio ano passado.


Se não é possível conhecer todos os países in loco, uma maneira de fazê-lo é pela arte, pelo cinema. Há diversos filmes e desenhos disponíveis que permitem às pessoas ampliarem sua visão de mundo. O acesso a diversos filmes pelas diversas plataformas existentes hoje deveriam servir como um meio de acesso para a construção de esclarecimento,  discernimento,  crítica e portanto conhecimento.

Não é possível que em pleno século XXI ainda tenham pessoas com a mentalidade do período feudal. Eu definitivamente tenho muita dificuldade de entender pessoas que pensam de maneira tão retrógrada. Eu me pergunto sempre, para que serve ter um iPhone e internet de alta velocidade se você não consegue enxergar o óbvio da sua vida, do seu dia-a-dia? Qual o sentido que te motiva acordar cedo e trabalhar?

Resultado de imagem para ailton krenakMe empolguei em escrever esse post porque conheci recentemente Ailton Krenak, um índio e ativista da causa indígena com uma capacidade de discernimento, crítica e conhecimento impressionantes. Se vocês puderem assistir os vídeos dele no youtube, assistam. Foi ele que me influenciou para o título desse post. Um índio que conhece muito bem a sua própria aldeia, mas que devorou no sentido de adquirir conhecimento tudo o que está fora da aldeia. Na palestra dele, dentre tantas coisas, a que mais me chamou a atenção é ele dizer: "por que vocês tem tanta dificuldade em enxergar o óbvio?"


Resultado de imagem para interrogaçõesEssa pergunta é linda e aí eu penso sobre por que muitos brasileiros aceitam tantas coisas erradas no Japão? Por que muitos aceitam como normal a opressão, os xingamentos, os assédios? Por que os brasileiros se sentem tão inferiores no exterior? Por que o brasileiro odeia tanto seu próprio país? Por que o brasileiro, mesmo aqui no Brasil, não se enxerga enquanto ser humano que precisa de um mínimo de dignidade? Por que o brasileiro acha que só ter pensamento positivo, as coisas vão mudar na prática?


Eu posso sair da minha aldeia quantas vezes eu quiser, mas a aldeia nunca vai sair de mim. A esperança é que o conhecimento se construa para que seja possível se enxergar na aldeia e principalmente aprender o que há de bom e de ruim fora dela.

Precisamos voltar a sermos mais "humanos" e usar o que a evolução trouxe de melhor para a nossa espécie, nosso cérebro. Qualquer tentativa de manipulação que limitem a capacidade de pensar a complexidade da vida, das pessoas e dos países é uma afronta a evolução.

#conheçasualdeiaesejaglobal

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Geoiarinha se despede do Japão!

Namba - Osaka
Depois de uma experiência sensacional de 11 meses no Japão, voltei ao Brasil com uma bagagem de aprendizado sem limite de peso que eu jamais vou esquecer.
Nos meus últimos 40 dias de Japão, visitei lugares incríveis, mas me estressei bastante também. Eu amo o Japão na mesma intensidade que eu odeio. 
Já dizia a música La Mar  da banda The beatiful girls que "Only love can be both heaven and hell", é o meu amor pelo Japão, o paraíso e o inferno não necessariamente na mesma ordem. Faço questão de deixar muito claro aqui que não consigo ver apenas o lado bom das coisas como muita gente faz, assim como também não consigo ver apenas o lado ruim. O bom e o ruim coexistem na nossa vida, ignorar um em favorecimento de outro seria muita ingenuidade.

Volto ao Brasil com a experiência de ter vivido num país "desenvolvido" que me ensinou muito além do que eu imaginava poder aprender em livros ou artigos. Sem dúvida morar em outro país traz um aprendizado imenso, mas o melhor é poder descobrir que onde eu nasci e cresci e minhas origens me ensinaram a ser quem sou hoje. Posso morar em Marte, Júpter, Saturno que não deixarei de ser quem eu sou. O Japão não é um planeta, mas é como se fosse, pois além de ser bem longe é difícil de entender, tudo alí é muito diferente de diversos países.

Meu combo favorito no Doutor

Agradeci, agradeço e vou agradecer sempre a todos que cruzaram meu caminho no Japão, todos em diferentes intensidades foram fundamentais no meu aprendizado: ARIGATO! Não consegui me despedir de todos no Japão, mas espero encontrá-los novamente de preferência no Brasil.

Nos últimos dias de Japão me despedi de coisas que gosto muito. Adoro comer um dos combos de café da manhã do Doutor Café porque sempre toca bossa nova, sempre. Não teve uma vez que eu entrei nesse café e não escutei minha língua portuguesa tão linda e suave, sempre me sentia mais tranquila e apaixonada pelo Japão. Tem muitos japoneses que amam Bossa Nova. Minha rede de combini favorita é a Mini Stop também porque eles tocam Bossa Nova nas lojas, várias vezes escutei.

Descobri no fim da viagem que minha cidade japonesa favorita é Nagoya na foto ao lado, é a mais cosmopolita e a que nunca tive um problema de comunicação porque tem muitos estrangeiros. As bibliotecas de Nagoya são as melhores e a da Universidade de Nagoya em especial é a melhor biblioteca que eu ja tive a oportunidade de frequentar milhares de vezes. O museu de trens em Nagoya também conquistou meu coração, fiquei super encantada com a história do transporte ferroviário no Japão com direito a entrar num simulador de shinkansen.
Por falar nele, sentirei falta do Shinkansen sem a menor sombra de dúvidas. Fazendo uma conta, ao todo deu 30 viagens de shinkansen somando o que fiz 4 anos atrás com essa vez. Obrigada Japão por oferecer o JR Pass para os turistas, isso sem dúvida é uma das melhores coisas para se aproveitar no Japão. Acho mais fácil conhecer o Japão como turista do que com visto de trabalho ou visto permanente, acho que não acho....tenho certeza!


Volto apaixonada e encantada pela história do Japão do período EDO, o museu Edo em Tokyo me deixou super feliz, o melhor museu do Japão na minha opinião e por incrível que possa parecer o museu da cidade de Yokkaichi que é grátis, é maravilhoso também e retrata parte do período EDO.

Sentirei falta dos Onsens no Japão e aliás aproveito para indicar aqui o melhor de todos os onsens que já visitei, está aqui em Osaka e se chama SPA WORLD, milhares de piscinas termais e para minha surpresa a mais legal de todas as piscinas se chama ESPANHA. Cada piscina tem um nome de um país europeu e a cascata da Espanha me conquistou! Não pode entrar com tatuagem, mas cobri a minha do ombro com uma toalha do próprio spa e sempre tomava o cuidado de não deixá-la exposta para não ofender as japonesas, uma japonesa que conheci no Havaí me deu essa dica para a tatoo. Fica aqui o link desse lugar incrível http://www.spaworld.co.jp/english/

Em Tokyo fui atrás de um bairro muito pobre que no passado se chamava Sanya, mas não encontrei nada que classificasse como pobre, mas descobri uma escultura de um poeta viajante japonês que se chama Basho Matsuo que foi super conhecido no período Edo, adorei esse poeta. Claro que a estátua estava com o escrito em japonês sem nenhuma tradução, mas nada como ter um grande amigo japonês para me socorrer e me ensinar mais a fundo sobre esse país! Obrigada Hajime por tudo, estar no Japão contando com o resgate constante de um amigo japonês cosmopolita, não tem preço.

Favela em Haginochaya-minami Park

Agora em Osaka, sem dúvida Kamagasaki é um estudo de caso particular, percorri o bairro várias vezes e me sentei na praça do Haginochaya- minami Park tentando compreender a pobreza do local. Na minha última visita, fiquei ali sentada na praça e parou um carro suspeito e uns caras esquisitos que falaram alguma coisa pra mim, mas como eu não entendo japonês...achei que era melhor sair de fininho, fiquei com medo de me seguirem. 

Mês passado nessa mesma praça, uma mulher me convidou para entrar num carro...sabe-se lá pra onde. Não recomendo para as pessoas irem nesse lugar, é super diferente de todo o Japão, mas eu adoro passear alí e se você chegar às 11h dá para almoçar com os locais. E à noite nesse lugar é super diferente, muitos moradores de rua, muitos, muitos...me senti em Mumbai na Índia que durante o dia não tem os moradores de rua, mas à noite eles ocupam os seu lugares. Não estou inventando é verdade, na frente do hotel Shin-Imamiya tem pessoas dormindo na rua do outro lado da calçada no minuto que escrevi esse post.
Vista do Shin-Imamiya hotel em Osaka
Para quem fica no Japão eu desejo o melhor de todas as energias positivas para realizar suas conquistas e desafios nesse país que não é fácil, ser imigrante no Japão é super difícil, só vivendo para sentir na pele. Lutem para fazer sempre o melhor que vocês puderem e não abaixem a cabeça para os japoneses que propuserem fazer o errado, essa é a minha mensagem para os brasileiros que vivem no Japão. Fiquei muito feliz de ter conhecido um brasileiro que trabalha num sindicato de uma fábrica japonesa e que luta diariamente para que as condições sejam melhores para os estrangeiros, fiquei tão feliz de saber que existem esses brasileiros no Japão. Conheci pessoas que lutam contra o bullying a estrangeiros nas escolas japonesas, um desafio imenso aqui para quem é estrangeiro no Japão. 
Mas a realidade e o fato é que muitos brasileiros aceitam serem submissos só pelo fato de estarem no Japão e terem a falsa sensação de viver num "país desenvolvido", mantém um falso "status quo" de felicidade e perfeição...mas no fundo sofrem muito e o sinal mais comum é a depressão. Eu aprendi que a pior coisa que existe é você enganar a sí próprio e lá no Japão conheci vários que enganam a sí mesmo. Mas conheci muitos que lutam dia e noite para fazer das suas vidas e do seu meio um lugar melhor para se viver, é de se emocionar!

Uma coisa que aprendi no Japão: ter trabalho, dinheiro, iphone, carro, casa não deixam os brasileiros mais felizes no Japão, muito pelo contrário. Tem muitos brasileiros que por falta de estudo e aprendizado constante carregam na alma o complexo de vira-lata, é muito triste isso. Minhas aulas in loco no Japão acabaram, mas sigo no Brasil refletindo sobre tudo isso que vivi.


Para terminar deixo uma frase de um site super legal que gosto de ler http://www.japansubculture.com/
Conquer anger with compassion.
Conquer evil with goodness.
Conquer trolls with humour & sarcasm
Conquer ignorance with knowledge
Conquer stinginess with generosity. 
Conquer lies with truth

Traduzindo:
Conquiste a raiva com compaixão. 
Conquiste o mal com bondade. 
Conquiste "trolls" com humor e sarcasmo 
Conquiste a ignorância com conhecimento 
Conquiste a mesquinhez com generosidade. 
Conquistar a mentira com a verdade

 Obrigada Japão, Arigato Nihon!


O mundo é um constante aprendizado que não tem fórmulas ou regras definidas, mas uma coisa é certa, o meu amor pelo conhecimento é renovado a cada dia. Obrigada leitores, tentei compartilhar minhas percepções pessoais baseadas na minha vivência no Japão e de conhecimentos de outras culturas ao redor do mundo.