domingo, 19 de março de 2023

A (r)existência do teatro

 A (r)existência do teatro


Teatro vem do grego "théatron"
Lugar onde se vê representações
dos mais diversos assuntos e situações
em diferentes tempos e espaços

Um jeito antigo das sociedades
refletirem sobre situações.
É a alma que vê, escuta e sente
Portanto, está viva e pensando
neste corpo operante da sociedade

A moral não é consenso
para todos da sociedade
e exatamente por isso
representações na forma teatral
aliviam a alma e
atualiza as necessidades morais

Teatro de Revista
Nunca tinha ouvido falar
Muito menos visto como era
Surgiu na França no XVIII
Popularizou no XIX
crítica, sátira, sensualidade
são representadas
para causar catarses
criar novas sinapses

São Paulo tem peças
com essas características
Revista Babadeira
Muitos babados sociais
formaram um lindo espetáculo
Social, crítico, engraçado e sensível

Gratidão ao elenco e à direção
Resistir para existir ou
Existir para resistir
Ecoar para as quatro direções
Na alma da cidade
Esperando da sociedade
O respeito à diversidade

Iara Rosa, Santa Cecília, São Paulo, 18 de Março de 2023.

O valor de Carlos Gomes

        O valor de Carlos Gomes

 Numa travessa da rua Boa Vista,
há um prédio curioso 
que se chama Prédio das Moedas

Uma moeda circulava no Brasil
300 réis com a cara de Carlos Gomes.,
Entre 1936 a 1938
essa moeda existiu no Brasil

A homenagem feita a Carlos Gomes,
campineiro e iniciador da música brasileira,
nascido em 1836
tem motivos

Aos 16 anos já tocava
clarinete, violino e piano
compôs peças musicais sacras
óperas
desejava a liberdade 
num Brasil que precede a abolição 
da escravidão

Apresentou óperas para a elite carioca
A princesa Isabel assistiu o drama lírico
O Escravo
O Guarani
Guerras, Amor, Liberdade

Muitas ruas do Brasil 
homenageiam o maior
compositor de ópera 
genuinamente brasileira
no século XIX
Morreu no Pará
em 1896

O valor de Carlos Gomes
está além dos 300 réis.
A arte musical fazendo parte
de uma sociedade de olhos fechados
buscando abrir os olhos pelos ouvidos
para viver uma sociedade livre

sexta-feira, 17 de março de 2023

Passando pela Lapa


Passando pela Lapa

Hoje o plano era ir até a Lapa
em dois lugares,
um para comer
outro para o lar

Já na Lapa me pergunto
por que Lapa se chama Lapa?
Aguardo o semáforo abrir
enquanto me encanto
com a Serra da Cantareira

Vou à uma churrascaria,
churrascaria vegana, isso mesmo
enquanto eu espero meu prato chegar
uso o celular para matar
a minha curiosidade

Eis que descubro que
os jesuítas portugueses
rezavam uma missa anual
à santa portuguesa
Nossa Senhora da Lapa

Mas e antes dos portugueses,
como os indígenas chamavam?
"Emboaçava"
palavra em Tupi que significa
lugar por onde se "passa"

Continuo meu trajeto
fico maravilhada com
o Mercado da Lapa
não estava no roteiro
rumo à loja ponta de estoque
concluo meus objetivos
é hora de voltar à Liberdade

É Lapa,
você se chamava Emboaçava
Foi onde "passei" hoje!

Iara Rosa, Lapa, São Paulo 16/03/2023

Como São Paulo foi colonizada por portugueses, descobri que no município de Vieira do Minho, Norte de Portugal tem uma gruta que dentro tem uma Nossa Senhora da Lapa. Isso porque Lapa pode significar gruta ou caverna como mostrada na foto.

O fato é que essa Nossa Senhora da Lapa foi cultuada onde hoje em São Paulo é o bairro da Lapa. Não por coincidência há uma igreja católica na Lapa que se chama Nossa Senhora da Lapa.


Aí eu descobri também que o antigo nome de Lapa, dado pelos indígenas por "Emboaçava" é hoje o nome de uma rua na Mooca. Consultando o diconário de ruas de São Paulo obtive a seguinte informação sobre a Rua Emboaçava na Mooca:
Emboaçava: na língua Tupi, emboaçava significa "o lugar por onde se passa"; foi também o nome de um forte construído nas proximidades dos rios Tietê e Pinheiros, no atual bairro da Lapa, destinado a defender a antiga Vila de São Paulo no século XVI.


Então é isso, tudo de alguma forma conectando os nomes atuais com a história da antiga Vila de São Paulo, nossa hoje cidade de São Paulo.

Estar cidade e estar eu

Exercitando minha escrita pessoal nesse blog tão especial e amoroso.

Estar cidade e estar eu

Quando a opção é
estar em São Paulo
aproveito para atualizar
meu olhar
meu observar
meu caminhar
minhas emoções e
meus sentimentos

Apesar de ter passado
muitas vezes pelo mesmo trajeto
tudo sempre está diferente
porque a cidade está, ela não é
E estar me traz esperança
da cidade estar melhor sempre

A cidade está mudando e eu também estou
Estar em paz
com as minhas escolhas
já é a mudança necessária para
estar melhor comigo mesma

Cada escolha na cidade ou em mim
implica em renúncias
que se vê e observa
no aqui e agora
isso é o instante
é no instante que
a felicidade e a paz
de estar
na cidade
acontece.
Iara Rosa, São Paulo, 15 de Março de 2023

        Esse poema reflete minhas inquietações com o verbo ser e estar. O que de fato é ou só é possível estar? Eu amo São Paulo, mas nos últimos dois anos sempre que posso, saio para outra cidade mais tranquila, Peruíbe. Estar em São Paulo é uma necessidade e a partir de agora vou "poemizar" meu estar em São Paulo para que o meu estar na cidade fique melhor. As renúncias que apresento no poema se refere a relação que sempre existe entre escolha e renúncia. Eu gosto do mantra que digo para mim mesma, imagino que já devam ter escutado: "cada escolha, uma renúncia" (eu repito muitas vezes essa frase porque eu gosto bastante e lembro a minha mente dessa frase). 
        Não é possível querer tudo nessa vida e nem sei se é possível ter tudo. Aliás, me conforta a ideia de não poder ter tudo. Cada vez mais reflito que a origem de muitos problemas  entre as pessoas na cidade está no "querer ter" e se todo mundo querer ter ao mesmo tempo, vamos nos estapear uns aos outros na selva de pedra. Se é que isso já não acontece.
            Outra reflexão que trago no poema é o instante, o aqui e agora. Não é um entendimento trivial por mais simples que possa parecer. Eu mesma faço um baita exercício de viver o aqui e agora, o que significa que é importante pra mim prestar atenção à minha vida ao redor. Vivemos hoje um ruído que nos impede de prestar atenção no aqui e agora: o celular. O celular é como aquele mosquito insistente que fica na nossa orelha na hora de dormir. No caso, o celular fica na nossa mão e por isso é um mega dispositivo que tira a atenção. Gosto muito de estudar sobre a atenção humana, vou resgatar uns textos excelentes que tenho e publicar aqui sobre isso.
            Espero que tenham gostado do meu exercício de escrita e a explicação das minhas reflexões sobre o poema.
Aloha!