quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Bikaner: Forte e o templo dos ratos

Depois de visitar Mandawa seguimos para a próxima cidade: Bikaner. É uma cidade do século XV e uma das cidades que fazem parte do circuito do Rajastão.
Quase todas as cidades do Rajastão tem um forte que defendia o território já que o noroeste da Índia é bem perto do Paquistão. Estávamos muito perto do Paquistão e os indianos não gostam muito deles pelo que pude perceber. Ao lado meu irmão e eu estamos no forte Junaghar. Esse forte é muito bonito e com uma riqueza de detalhes maravilhosa nos corredores, nas paredes. Essa arquitetura indiana na minha opinião é muito mais bonita que muitos lugares que vi na Europa. Fico me perguntando, o quanto a arquitetura indiana deve ter influenciado na Europa.
Acima a Doris percorrendo os diversos corredores do forte, parecia um labirinto, muito fácil de se perder. Muitas vezes me sentia num filme de castelo com milhões de caminhos. Depois de visitar o forte, almoçamos e depois seguinhos 30 Km ao sul de Bikaner para visitar um templo.
 
Eu a Doris não sabíamos que se tratava do templo Karni Mata, ou também conhecido como Templo dos Ratos. Minha amiga Milly tinha uma foto bem bacana desse templo mas eu não tinha ideia que estávamos indo para esse templo. Como a viagem foi longa e eu dormi durante todo o trajeto chegamos no templo e fomos pagar para guardar nossos sapatos já que em todo templo indiano se entra com meias ou descalço. Logo que olhei na entrada do portão eu já havia avistado um rato mas não fazia ideia do que ia encontrar dentro do templo.
Minha amiga Patrícia sabe o quanto eu sempre fui meio distante dos animais, mas aqui na Índia todo dia tem vários tipos de animais que nos cercam. Aqui superei todo o medo que eu tinha de qualquer animal.. Na entrada do templo eu vi umas crianças com receio de entrar porque passavam um monte de ratos pra lá e pra cá, mas os pais das crianças faziam elas entrarem. Eu estava atrás da Doris e onde ela ia eu ia. Pensei em desistir mas se todo mundo entrava, porque eu ia desistir. Uma vez que vc está na chuva sem guarda-chuva não resta outra opção a não ser se molhar. No meu caso, já que tem tanto rato e as pessoas entrando eu segui o fluxo. Detalhe, nós estávamos de meia e o chão mega sujo e com os ratos passando muito pertinho.
 
Esse templo é bastante frequentado pelos locais e eles acham tudo muito normal porque pra eles é normal mesmo, mas é chocante para nós ocidentais. Quando eu vi uma mulher de saia sentada no chão e o rato entrando eu fiquei paralisada. Não dava para segurar o corrimão porque também tinha rato, saí do templo e fiquei no pátio esperando minha amiga e aflita elevada a décima potência observando os ratos. Até briga de rato eu vi, eles disputavam comida. Os indianos levam comida e leite para alimentar os ratos. Uma foto clássica desse templo é uma bacia de leite com os ratos em volta tomando. Eu tinha visto uma foto da minha amiga argentina Milly nesse templo mas quando estávamos lá não tinha a bacia de leite. Se paga para tirar foto e apesar de eu estar com minha máquina eu não consegui pensar em tirar foto, fiquei realmente paralisada. Meu cérebro não raciocinava direito, eu só pensava: "calma, logo eu vou sair daqui e tudo vai ficar bem". 


Depois que saímos do templo fomos ler sobre o templo e entendemos porque nosso guia nos levou até lá. É um dos templos mais famosos da Índia e difere absurdamente dos outros templos. É um templo mais simples e frequentado por pessoas mais simples também. Diferente de outros templos, esse é realmente exclusivo para o indiano e eles não deixam os turistas chegarem perto do altar. Não fomos tão bem acolhidos como nos templos que visitamos até aqui. Havia mesmo muitos estrangeiros e eles estavam numa boa observando. Eu me mantive forte e esperei minha amiga, nesse não consegui seguir totalmente minha amiga....rsrsrs A Doris também nunca tinha visto um templo assim apesar de ter morado 1 ano na Índia, é um templo bem específico e típico dessa região do Rajastão.
 
Karni Mata é uma das encarnações da Deusa Durga. Durga é a deusa que personifica o espírito feroz, defensor e protetor da mãe que luta com todos os seus recursos para salvar seus filhos dos perigos e dos inimigos. Segundo a lenda local, no século XIV Karni Mata pediu ao Deus da morte, Yama, para devolver a vida do filho de um homem contador de estórias. Quando Yama recusou-se, Karni Mata reencarnou todos os contadores de estórias que já haviam morrido, na forma de ratos, para que assim Yama não tivesse mais almas humanas de contadores de estórias para matar, (uma vez que essas almas seriam no futuro, reincarnadas como seres humanos). Essa é uma versão!
 
Bom, agora estou de volta a Mumbai  e depois de passar por várias outras cidades menores fico feliz de ver essa cidade com grande potencial de crescimento. Começo agora a operação volta para casa, como diz meu amigo Marcelo, o banzo do Brasil está cada vez mais forte. Como a volta ao Brasil será longa eu vou tentar relatar mais e organizar as fotos, já foram mais de 1.700 fotos ao todo.
 
No próximo post vou falar o deserto de Thar! Continua... 

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