Num momento de pausa mental me deparei com o interessante livro de Ítalo Calvino "As cidades invisíveis" e fiquei refletindo sobre o capítulo a seguir "As cidades e a memória":
"Em Maurília, o viajante é convidado a visitar a cidade ao mesmo tempo em que observa uns velhos cartões postais ilustrados que mostram como esta havia sido. A magnificiência e a prosperidade de Maurília metrópole, se comparada a velha Maurília provinciana é apreciada por meio dos velhos cartões postais. Na época em que existia a Marília provinciana não se via absolutamente nada de gracioso.
Evitem dizer que algumas vezes cidades diferentes sucedem-se no mesmo solo e com o mesmo nome, nascem e morrem sem se conhecer, incomunicáveis entre si. As vezes, os nomes dos habitantes permanecem iguais, e o sotaque das vozes, e até mesmo os traços dos restos; mas o deuses que vivem com os nomes e nos solos foram embora sem avisar e em seus lugares acomodaram-se deuses estranhos. É inútil querer saber se estes são melhores do que os antigos, dado que não existe nenhuma relação entre eles, da mesma forma que os velhos cartões-postais não representam a Maurília do passado mas uma outra cidade que por acaso também se chamava Maurília."
Para Ítalo Calvino a cidade deixa de ser um conceito geográfico para se tornar um símbolo complexo e inesgotável da existência humama.
Eu amei Ítalo Calvino na faculdade e agora voltei a amar ele novamente!
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