quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

O ano em que o blog Geoiarinha completará 15 anos

O ano de 2024 começou e muitas reflexões começaram a passar pela minha cabeça e uma delas é exatamente o tempo de existência deste blog que vai completar em 15 de Maio exatos 15 anos. Quanta coisa se passou em 15 anos no mundo, no Brasil e na minha vida. E todas as coisas que se passaram nestas diferentes escalas foram todas resultado das transformações do nosso viver nesta existência.

Já escutei de pessoas mais jovens que o ter um blog hoje é fora de moda, acho curioso e válido o comentário. Eu acredito que os gostos de cada pessoa precisam ser respeitados, se o jovem não tem um blog porque está fora de moda, não significa que eu deva deixar de ter um blog também só porque alguém jovem considera fora de moda.

Hoje tenho 42 anos e quando comecei a escrever no blog eu tinha 26 anos e a sensação de postar algo aqui é a mesma pra mim, me sinto muito feliz. Não acho que tenho que substituir para acompanhar a tendência de não sei quem porque é mais a moda. Não significa que eu não aceite as mudanças, significa que nesse mundo digital as transformações são tão grandes e rápidas que se eu ficar mudando sempre para acompanhar as tendências, vou gerar um estresse muito grande para nada mais e nada menos que eu mesma.

Já escutei pessoas dizendo que hoje em dia ninguém mais lê um blog porque é chato ficar ali muito tempo em algo que não se movimenta e não salta os olhos. Tenho pra mim como algo extremamente perigoso esse lance das informações visuais rápidas e hiper express com a falsa ideia de que não podemos perder tempo.

Estou cada vez mais convencida de que as pessoas não sabem dizer outra coisa a não ser: "ah, não tenho tempo". Essa frase é um vírus tipo gripe, pega em um, pega em outro e assim é bem comum se escutar, reparem. Parece contraditório pra mim que se houve avanços nos meios de comunicação, transporte, eletrodomésticos e etc...como que as pessoas dizem que não tem tempo. Eu tenho pra mim que as pessoas estão hiper conectadas aos celulares e portanto ocupadas em ver o que se passa nas redes sociais, vídeos e por isso dizem que não tem tempo.

Será que é para normalizar olhar as pessoas com as cabeças fixas no celular como normal? Eu não sei vocês, mas eu fico espantada sempre. Ontem fui tomar uma soda de yuzo no café 89ºC da Liberdade e fiquei sem celular apreciando minha soda. Vejo uma família de 3 pessoas numa mesa e os 3 estavam cada um com seu celular e tomando café. É o "admirável celular novo" e o novo não é o aparelho, mas sim as novidades e atualizações das redes sociais.

O que eu tenho feito diante dessas transformações? Eu me auto observo para não cair na automação do que todo mundo faz. Eu, de verdade, não me vejo na obrigação de seguir tendência alguma porque um número grande de pessoas seguem. Pratico o distanciamento do meu celular, desligo as redes para não receber nenhum aviso de chegada de mensagem, evito ficar muito tempo nas redes sociais, medito, leio, escrevo à mão, to usando a minha criatividade para dar novos significados a objetos e isso leva tempo.

E assim, estou caminhando neste 15 anos de escrita no blog. Há uma novidade importante a ser compartilhada, faço parte da Academia Peruibense de Letras e estou muito feliz de fazer parte de um grupo engajado na escrita. Além do blog, tenho praticado a escrita de poesias, contos, narrativas e isso tudo só foi possível porque eu tinha esse blog para exercitar a minha escrita.

Obrigada a você que leu até o fim esse texto!

Geoiarinha

sábado, 8 de abril de 2023

Porque o tempo é uma abstração

 Porque o tempo é uma abstração 


O tempo é antes de tudo

uma percepção

resultado

de uma observação

 

O que foi possível perceber

pelos seres humano

na antiguidade?

o Sol, a Lua e as estações do ano

no cotidiano


É importante ressaltar que

a observação, a observação, a observação,

a observação, a observação e a observação

eram as ações mais importantes na relação

entre os seres humanos e a natureza

que permitiram a percepção do tempo


Atualmente os seres humanos

acham que possuem o tempo,

ter ou não ter o tempo, eis a questão,

que perda de tempo irônica,

o tempo é imaterial, uma abstração

numa relação do eu com a translação

que reflete na minha percepção


Mas e o relógio que mede o tempo?

Uma maneira permanente

de contar a percepção inteligente

do ser humano se relacionando no ambiente

de natureza morta, cidades,

e avançando para o relógio no celular,

chegamos na alienação,

da a percepção,

e ficamos com a sensação 

da existência do tempo 


Se o avanço tecnológico

nos tira a percepção genuína do tempo,

como podem as pessoas na falação

acharem que tem ou não tem o tempo?

é o argumento que mais reforça

a falta de percepção do tempo, pois 

os antigos não tinham tempo,

eles vivam o tempo e no tempo 


Que o tempo possa voltar a ser uma percepção

plasmado na contemplação e na celebração

dos seres humanos com a natureza,

retomando a atração

para o tempo presente,

 o aqui e agora,

o único tempo que é possível perceber,

todo o resto, o ontem, o amanhã e o depois

 não existem, portanto, é uma ilusão.

Iara Rosa, São Paulo, 08 de Abril de 2023

sábado, 1 de abril de 2023

Ypokritís e Alazoneia

 Ypokritís e Alazoneia



No teatro grego,
Os atores gregos
usavam máscaras
de acordo com o papel
que representavam
numa peça teatral,
eram chamados de hipócritas
do grego ypokritís

É, então, alguém
que oculta a realidade
atrás de uma máscara
de aparência, pois
não é preciso ser,
mas sim parecer

O tempo foi passando,
muitas coisas mudaram
ao mesmo tempo que
muitas coisas permaneceram,
essa palavra grega virou substantivo
aplicado nas sociedades
que desenvolvem
neste exato instante
em seu cotidiano
a hipocrisia

E nesta geléia
de ideias adicionando do grego
a palavra alazoneia
mais conhecida como
soberba, pretensão e arrogância
vira uma mistura que não sacia

O ser humano
no seu desejo de ambição
deseja chamar a atenção
de outro ser humano,
numa sociedade de aparência,
que vicia, que alicia apenas
o seu próprio ego

mas onde está escrito
implícito ou explícito
quem determina
que alguém é melhor que o outro?
estaríamos fritos

O que faz alguém
se sentir melhor que o outro?
Porque ser você mesmo
já não deve ser fácil,
imagina se julgar
melhor que o outro?
difícil

Mas por que será que o outro
se incomoda com o meu ser?
nunca vou saber
porque eu só sei que nada sei
já dizia o sábio grego Sócrates

A dúvida pode ser
o caminho mais seguro
para o ser humano
que busca se conhecer
porque se Sócrates
nada sabia,
por que um ser humano
hipócrita com alazoneia
saberia?




Mais um poema de minha autoria para celebrar meus 2 anos de Peruíbe e 1 ano que venho compreendendo a palavra hipocrisia! Cada escolha, uma renúncia e com esse poema eu renuncio normalizar a hipocrisia alazoneia! 
Iara Rosa, São Paulo, 01 de Abril de 2023

domingo, 19 de março de 2023

A (r)existência do teatro

 A (r)existência do teatro


Teatro vem do grego "théatron"
Lugar onde se vê representações
dos mais diversos assuntos e situações
em diferentes tempos e espaços

Um jeito antigo das sociedades
refletirem sobre situações.
É a alma que vê, escuta e sente
Portanto, está viva e pensando
neste corpo operante da sociedade

A moral não é consenso
para todos da sociedade
e exatamente por isso
representações na forma teatral
aliviam a alma e
atualiza as necessidades morais

Teatro de Revista
Nunca tinha ouvido falar
Muito menos visto como era
Surgiu na França no XVIII
Popularizou no XIX
crítica, sátira, sensualidade
são representadas
para causar catarses
criar novas sinapses

São Paulo tem peças
com essas características
Revista Babadeira
Muitos babados sociais
formaram um lindo espetáculo
Social, crítico, engraçado e sensível

Gratidão ao elenco e à direção
Resistir para existir ou
Existir para resistir
Ecoar para as quatro direções
Na alma da cidade
Esperando da sociedade
O respeito à diversidade

Iara Rosa, Santa Cecília, São Paulo, 18 de Março de 2023.

O valor de Carlos Gomes

        O valor de Carlos Gomes

 Numa travessa da rua Boa Vista,
há um prédio curioso 
que se chama Prédio das Moedas

Uma moeda circulava no Brasil
300 réis com a cara de Carlos Gomes.,
Entre 1936 a 1938
essa moeda existiu no Brasil

A homenagem feita a Carlos Gomes,
campineiro e iniciador da música brasileira,
nascido em 1836
tem motivos

Aos 16 anos já tocava
clarinete, violino e piano
compôs peças musicais sacras
óperas
desejava a liberdade 
num Brasil que precede a abolição 
da escravidão

Apresentou óperas para a elite carioca
A princesa Isabel assistiu o drama lírico
O Escravo
O Guarani
Guerras, Amor, Liberdade

Muitas ruas do Brasil 
homenageiam o maior
compositor de ópera 
genuinamente brasileira
no século XIX
Morreu no Pará
em 1896

O valor de Carlos Gomes
está além dos 300 réis.
A arte musical fazendo parte
de uma sociedade de olhos fechados
buscando abrir os olhos pelos ouvidos
para viver uma sociedade livre

sexta-feira, 17 de março de 2023

Passando pela Lapa


Passando pela Lapa

Hoje o plano era ir até a Lapa
em dois lugares,
um para comer
outro para o lar

Já na Lapa me pergunto
por que Lapa se chama Lapa?
Aguardo o semáforo abrir
enquanto me encanto
com a Serra da Cantareira

Vou à uma churrascaria,
churrascaria vegana, isso mesmo
enquanto eu espero meu prato chegar
uso o celular para matar
a minha curiosidade

Eis que descubro que
os jesuítas portugueses
rezavam uma missa anual
à santa portuguesa
Nossa Senhora da Lapa

Mas e antes dos portugueses,
como os indígenas chamavam?
"Emboaçava"
palavra em Tupi que significa
lugar por onde se "passa"

Continuo meu trajeto
fico maravilhada com
o Mercado da Lapa
não estava no roteiro
rumo à loja ponta de estoque
concluo meus objetivos
é hora de voltar à Liberdade

É Lapa,
você se chamava Emboaçava
Foi onde "passei" hoje!

Iara Rosa, Lapa, São Paulo 16/03/2023

Como São Paulo foi colonizada por portugueses, descobri que no município de Vieira do Minho, Norte de Portugal tem uma gruta que dentro tem uma Nossa Senhora da Lapa. Isso porque Lapa pode significar gruta ou caverna como mostrada na foto.

O fato é que essa Nossa Senhora da Lapa foi cultuada onde hoje em São Paulo é o bairro da Lapa. Não por coincidência há uma igreja católica na Lapa que se chama Nossa Senhora da Lapa.


Aí eu descobri também que o antigo nome de Lapa, dado pelos indígenas por "Emboaçava" é hoje o nome de uma rua na Mooca. Consultando o diconário de ruas de São Paulo obtive a seguinte informação sobre a Rua Emboaçava na Mooca:
Emboaçava: na língua Tupi, emboaçava significa "o lugar por onde se passa"; foi também o nome de um forte construído nas proximidades dos rios Tietê e Pinheiros, no atual bairro da Lapa, destinado a defender a antiga Vila de São Paulo no século XVI.


Então é isso, tudo de alguma forma conectando os nomes atuais com a história da antiga Vila de São Paulo, nossa hoje cidade de São Paulo.

Estar cidade e estar eu

Exercitando minha escrita pessoal nesse blog tão especial e amoroso.

Estar cidade e estar eu

Quando a opção é
estar em São Paulo
aproveito para atualizar
meu olhar
meu observar
meu caminhar
minhas emoções e
meus sentimentos

Apesar de ter passado
muitas vezes pelo mesmo trajeto
tudo sempre está diferente
porque a cidade está, ela não é
E estar me traz esperança
da cidade estar melhor sempre

A cidade está mudando e eu também estou
Estar em paz
com as minhas escolhas
já é a mudança necessária para
estar melhor comigo mesma

Cada escolha na cidade ou em mim
implica em renúncias
que se vê e observa
no aqui e agora
isso é o instante
é no instante que
a felicidade e a paz
de estar
na cidade
acontece.
Iara Rosa, São Paulo, 15 de Março de 2023

        Esse poema reflete minhas inquietações com o verbo ser e estar. O que de fato é ou só é possível estar? Eu amo São Paulo, mas nos últimos dois anos sempre que posso, saio para outra cidade mais tranquila, Peruíbe. Estar em São Paulo é uma necessidade e a partir de agora vou "poemizar" meu estar em São Paulo para que o meu estar na cidade fique melhor. As renúncias que apresento no poema se refere a relação que sempre existe entre escolha e renúncia. Eu gosto do mantra que digo para mim mesma, imagino que já devam ter escutado: "cada escolha, uma renúncia" (eu repito muitas vezes essa frase porque eu gosto bastante e lembro a minha mente dessa frase). 
        Não é possível querer tudo nessa vida e nem sei se é possível ter tudo. Aliás, me conforta a ideia de não poder ter tudo. Cada vez mais reflito que a origem de muitos problemas  entre as pessoas na cidade está no "querer ter" e se todo mundo querer ter ao mesmo tempo, vamos nos estapear uns aos outros na selva de pedra. Se é que isso já não acontece.
            Outra reflexão que trago no poema é o instante, o aqui e agora. Não é um entendimento trivial por mais simples que possa parecer. Eu mesma faço um baita exercício de viver o aqui e agora, o que significa que é importante pra mim prestar atenção à minha vida ao redor. Vivemos hoje um ruído que nos impede de prestar atenção no aqui e agora: o celular. O celular é como aquele mosquito insistente que fica na nossa orelha na hora de dormir. No caso, o celular fica na nossa mão e por isso é um mega dispositivo que tira a atenção. Gosto muito de estudar sobre a atenção humana, vou resgatar uns textos excelentes que tenho e publicar aqui sobre isso.
            Espero que tenham gostado do meu exercício de escrita e a explicação das minhas reflexões sobre o poema.
Aloha!