No segundo dia de caminhada tínhamos 11 Km pela frente e saímos às 12h30. O calçamento de pedra já começa a surgir na nossa trilha. Essas pedras ou melhor dizer, rochas, foram colocadas pelos escravos no século XVIII no auge no ciclo do ouro no Brasil, por isso se chama Trilha do Ouro. O Ouro saía da cidade de Ouro Preto e era levado para o litoral para ser levado a Portugal.
Nós 4 fizemos bem boa parte desse trecho, faltando 2 Km para terminar a trilha encontramos um verdadeiro lamaçal. Havia chovido alguns dias atrás e como no caminho passam muitas mulas, fica muito difícil caminhar tranquilamente. Para o meu caso foi muito difícil, além de eu estar com tênis normal e com bolha nos 2 pés eu simplesmente tive que ir descalça...rsrs
Haviam muitas pontes com troncos estreitos e altos, alguns tinham um galho de apoio, outros tinham cabos de aço. Mas a travessia mais legal foi uma tirolesa com um apoio para colocar a mochila para atravessar o rio Mambucaba e finalmente chegar na casa do sr. Sebastião. Chegamos por volta das 17h00 quase escurecendo. Eu fiquei na pousada aliviada por ter conseguido chegar e o Erick tentou ver a cachoeira e os meninos Rafael e Marconi acamparam perto da Cachoeira do Veado. Não há energia elétrica e muito menos sinal de celular na região, eu consegui me sentir isolada de tudo e de todos e essa sensação é interessantíssima. Mais uma vez jantamos uma comida deliciosa feita com fogão a lenha.
Pensando na dificuldade que tive no lamaçal e conversando com a esposa do Tiãozinho eu perguntei se havia uma outra possibilidade de fazer o trecho final sem ser a pé. Ela me comentou que havia poucos dias que uma mulher havia feito a trilha em cima de uma mula e levou umas 4 horas. O preço era salgado R$200,00 mas naquele momento era minha única saída. Preciso agradecer o Erick por ter conseguido um belo desconto para mim...rsrsrs. Então ficou decidido que eu faria o trecho final em cima de uma mula como os tropeiros faziam no século XVIII.
A mula que me levou se chama Londrina e é linda e forte, fiquei encantada pela Londrina. O Tiãozinho foi puxando a mula a pé e eu fui montada na Londrina. O Tiãozinho faz o techo de 18 Km a pé em 4 horas com muita tranquilidade. O Erick veio logo atrás e veio acompanhando, com uma mochila de 20 Kg nas costas, o ritmo do Tiãozinho. Percebendo que o Erick tinha um excelente ritmo de caminhada o Tiãozinho ofereceu para levar a mochila dele na mula. A Londrinha carregou as duas mochilas e eu. A força da mula é impressionante, aprendi muito sobre elas e as comparações com os cavalos. Cheguei a perguntar qual o preço de uma mula...rsrsrs custa R$5.000, mais caro que uma moto! Não que eu esteja interessada em comprar uma mula...mas cheguei a brincar com o Tiãozinho dizendo que eu gostei tanto de andar na Londrina que seria capaz de seguir viagem até São Paulo com ela! hehehe
Realmente esse trecho do terceiro dia é o mais difícil de todos e com um tênis comum é muito complicado. O ideal é estar de bota, há muitos atoleiros de lama. Para mim o fato de não precisar me preocupar em saber onde eu pisava eu consegui apreciar muito a paisagem e isso foi sensacional. Um fato interessante aconteceu, eu não senti medo de andar de mula, muito pelo contrário estava muito segura com ela. Mas houve um momento que a Londrina teve uma reação super estranha e o Tiãozinho explicou que isso acontece quando ela sente que a onça está por perto. Ou seja, nós estávamos muito perto da onça, que incrível!
Enfim conseguimos chegar no final da trilha em Mambucaba! Continua no post III.
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