segunda-feira, 30 de julho de 2012

Barco de Porto Velho a Manaus: Parte 3

Achei esse informativo no barco genial, mas o fato é que ninguém fiscaliza, eu vi vários casais dormindo na mesma rede. Eu pensei que haveria separação entre homens e mulheres no barco, já que meus pais fizeram uma viagem de barco de Manaus a Santarém em 1979 e eles falavam isso. Os tempos mudaram, pode homens e mulheres estarem próximos sim. Ao redor da minha rede tinham vários homens, casais, crianças, mulheres. Foi uma das melhores partes, me misturar no meio desses locais com histórias fascinantes de brasileiros que vivem uma realidade bem diferente do que estamos acostumados no Centro-Sul do Brasil, adorei isso!

Agora o que mais me deixou irritada foi a péssima infraestrutura de embarque desse barco em Porto Velho, fiquei irritadíssima. Talvez minha chateação tenha sido maior por ter colocado minha mãe de 61 anos nessa situação já que ela era parceira de viagem. Ou a filha é louca ou as duas são malucas mesmo. Bom, até minha mãe não acreditou nessas condições, uma pessoa acostumada com viagens de barco na infância.
Esse era o barranco de embarque em Porto Velho, está anos-luz de ser uma plataforma de embarque. 

Vocês podem me perguntar: Não tem fiscalização? Eu respondo: Nenhuma fiscalização, se tiver algum funcionário, esse deve receber para não fiscalizar. E nem adianta reclamar para qualquer órgão que seja, o que eu percebi é que as coisas sempre funcionaram desse jeito. Quem manda e desmada na situação é a dona da embarcação que havia acabado de adquirir o Moreira VIII e logo o barco ia mudar de nome para Vieira II. Confesso que a dona do barco me pareceu obcecada pelo dinheiro e muito antipática. E olha que para eu não ir com a cara de alguém é difícil, mas ela é capitalista ao extremo. A dona do Vieira II poderia oferecer um serviço melhor e mais segurança para quem viaja, mas ela prefere acreditar que uma embarcação de ferro não afunda de jeito nenhum. Por sorte eu sobrevivi, mas confesso que fiquei preocupada e toda hora eu procurava saber o que estava acontecendo.
Essa foto é do sábado no dia do embarque, percebam que o barco já estava bem cheio. Logo os carregadores te oferecem o serviço para levar as malas por R$10,00. 

O senhor a direita estava levando minha mala e minha mochila e voltou para me ajudar e ajudar minha mãe a descer esse barranco.

Chegamos às 17h e a previsão era de sair às 20h quando o último caminhão tivesse terminado o último carregamento de batatas vindas do Centro-Sul, parece que eram de São Paulo


Das 17h até as 20h essa cena se repetiu diversas vezes e eu estava inconformada com a situação desses carregadores. Um deles tinha acabado de escorregar e as bananas cairam no barranco.
O carregamento de batatas no barco me deixou deprimida, eu se tivesse que levar uma batatinha na minha mão eu já ia escorregar e esses carregadores carregavam 2 sacos de pelo menos 20 kilos cada, não sei como conseguiam. Confesso que chorei quando terminou o carregamento, achei muito triste ver essa cena, uma das minhas lições de Brasil mais difícil que eu já tive.

Como eu costumo brincar com minha amiga, às vezes estamos diante de uma situação que eu costumo dizer: "É isso ou............Osasco" hehehe nesse caso Osasco estava a milhas de distância, nem essa opção eu tinha! Montamos nossa rede com ajuda de alguns experientes no barco e alí cruzei os dedos e rezei para dar tudo certo com a viagem.
E assim foi o início dessa viagem de 4 dias pelo rio Madeira de Porto Velho até chegar a cidade de Manaus. Termino esse post com esse pôr do sol que compensou todo o stress inicial da viagem. Continua...

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